Decidi reformular este blogue, torna-lo um pouco mais abrangente e também mais pessoal. Continuarei a dar notícias sobre Vilarandelo, mas incluirei textos de opinião sobre o mundo que me rodeia, com alguma pitada de humor aqui e ali, enfim, a minha forma de ver as coisas e o que me rodeia…
Portugal - um país à beira mar plantado!
O ano de 2016 foi profícuo em
coisas boas para este país à beira mar plantado. habituados a dar mais valor ao
que os outros(os estrangeiros) fazem por este mundo fora, nem que seja
"caquinha", mas se é estrangeira, é com certeza de boa qualidade.
Vêmo-nos de repente a dar-mo-nos conta que nós, os portugueses, aqueles
tipos que vivem na cauda da Europa, são olhados de fora como uns parentes pobre, que até
têm umas praias fixes, mas não sabem dar conta do recado ao nível das finanças e de outras coisas que não vale a pena aqui referir.
Descobrimos durante o ano
passado e com a ajuda do futebol e de outros desportos, que até somos bons
nisto ou naquilo, até ganhamos medalhas em modalidades que nem é costume
ganhar!!! Afinal o "Made in Portugal" não é tão mau assim! O
nosso ego cresceu! O nosso orgulho nacional extravasou! Passamos a andar mais
de peito inchado com a bandeira em punho a gritar palavras de ordem:
- Somos os melhor da Europa!
- Calamos os franceses!
- Já ninguém nos chama
"coitadinhos"
- Fabricamos o melhor calçado
do mundo!
- Praticamos uma agricultura de
qualidade!
- Os portugueses são o povo
mais amistoso da Europa e quiçá do mundo!
- O patinho feio virou cisne!
- crise? qual crise? essa
palavra aqui não existe!
De repente somos
invadidos por turistas curiosos, gente que quer conhecer este paraíso à beira
mar plantado. Experimentam a nossa comida, visitam os nossos monumentos,
praias, feiras gastronómicas e um sem número de coisas boas que temos para
oferecer. - Afinal isto aqui é um espetáculo! E é!
Proliferam vídeos na
internet a dizer bem de nós, que somos um povo com muita tradição e historia,
que estamos na vanguarda da tecnologia e outras coisas boas para levantar o
nosso orgulho.
Até no campo da política, o nosso governo diz que as coisas já estão a melhorar! Vejam lá!
Nós somos um povo movidos
pelo ego do orgulho e da inveja. Se as coisas correm bem somos os maiores, ninguém
nos vence! Se a coisa dá para o torto, normalmente não assumimos o erro,
culpando o mau tempo, a crise, o governo, o gato o cão ou o electricista! Ou
então damos uma de ignorantes, mas orgulhosos!: ” – Eu não fui! Eu não sei de
nada! É que nem ouvi tal coisa e nem tenho nada a ver com isso!!!”
Se a coisa corre mal,
lá voltamos a comprar ao estrangeiro e a dizer que o que vem de fora é que é
bom! Passamos a ser outra vez os “coitadinhos” da cauda da Europa a quem ninguém
liga!
Não podemos andar assim
aos altos e baixos, tipo intermitentes, à mercê dos nossos orgulhos parvos! Tão
depressa achamos que somos bons, como drasticamente passamos para os piores e
mais grave ainda, temos inveja dos que são bons!
Esta dualidade faz de nós um povo intranquilo, que
não está bem onde está, que não cria raízes, que não ama de verdade a terra
onde vive. Um Pai ou uma Mãe amam o seu filho independentemente de ele ser
assim, assado, azul, vermelho ou verde, um santo ou o diabo.
Amando o nosso país independentemente dos defeitos
que possa ter, faz de nós mais tolerantes. Mas é preciso sentirmo-nos portugueses a tempo inteiro e não só quando as coisas correm bem.
Se é para votar, votemos todos, não interessa onde
pões a cruz, o que interessa é que vás. Se é para criticar, critica mas
positivamente com pedagogia e sem deitar abaixo. Se é para dizer bem, diz, mas
com o coração. Se é para ajudar, ajuda com um sorriso nos lábios, sem mostrar
má vontade. Talvez assim o país melhor um pouco e nos vejam como pessoas mais
sérias a tempo inteiro e não de vez em quando.