segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capela de Nosso Senhor dos Milagres






Capela de Nosso Senhor dos Milagres




A antiga capela foi destruída, para em 1976 voltarem a construir outra capela numa zona mais alta e com uma arquitectura de linhas modernas e simples.
Embora o padroeiro da paróquia de Vilarandelo seja S. Vicente, as principais festas são em honra de N. S. dos Milagres e Santa Barbara. Ocorrendo no último fim-de-semana de Agosto, estas festas primam pelo brio, dedicação e respeito com que os Vilarandelenses imprimem às procissões de Sábado (em Honra de Sta. Barbara) e de Domingo (N. S. dos Milagres). Inclusive há uma frase que se dizia e ainda se diz por aí quando se queria resumir o melhor das festas da região que nos envolve: Dizia-se que o melhor era, o arraial de Valpaços, o fogo de Mirandela e a procissão de Vilarandelo.

Capela de S. António



CAPELA DE S. ANTONIO


Capela de pequenas dimensões situada no bairro de baixo simboliza o fervor e a devoção que o povo de Vilarandelo tinha e ainda tem a este santo.
Não existe nenhum documento ou pessoa que saiba da antiguidade e fundação da capela.
Só se sabe que será bastante antiga e que terá sido edificada devido a uma grande devoção a S. António. A única prova que nos diz alguma coisa sobre a rusticidade da dita capela, é uma inscrição existente na parte de cima da porta de entrada que nos diz o seguinte:

CAPELA DE S. SEBASTIÃO




CAPELA DE S. SEBASTIÃO


Nesta viagem pela história de Vilarandelo, teremos de começar pelos monumento que são uma herança onde se vai retirar muita informação histórica dos nossos antepassados.
Já falei da influência da ordem de Malta onde existem registos na igreja Paroquial, sobre esta igreja e sua arquitectura voltarei a falar nela mais adiante, pois eu queria começar por uma igreja ou capela mais antigas que a igreja Paroquial, é a capela de S. Sebastião que em conjunto com mais três capelas, a de St. António, a de N. S. dos Milagres e a do Espírito Santo no cemitério, fazem o espólo de edifícios religiosos da nossa vila.
A capela de S, Sebastião é a mais antiga de Vilarandelo (Sec.XVI), (classificada como Imóvel de Interesse Público, através do Decreto n.º 8/83, de 24 de Janeiro de 1983).
Esta capela foi edificada em finais do século XVI, sendo considerada o templo mais antigo da freguesia (MARTINS, 1978, p. 261). De planta rectangular, apresenta fachada com portal de arco de volta perfeita terminada em empena truncada com a disposição da sineira. Do lado esquerdo do frontispício foi gravada uma "interessante inscrição críptica", com quatro relevos, um sol, uma coroa régia, um raio e uma seta vertical. Este conjunto foi interpretado como uma "expressão de esperança redentora sebastianista", ali colocada durante o período filipino como uma mensagem cifrada e apenas significativa para os fiéis que acreditavam no retorno do rei D. Sebastião (Idem, ibidem). Catarina OliveiraGIF/IPPAR/ 20 de Setembro de 2006.

De estilo românico e de construção simples. Há pouco identifiquei-a como igreja porque tudo leva a crer que no passado tenha sido a igreja paroquial visto ser tão antiga. O mais curioso e interessante desta capela é a inscrição críptica gravada no cunhal do lado esquerdo da frontaria que a seguir explico:
Fig. 1 - Sol radiante, representaria
(Deus glorioso)
Fig. 2 - Estilização da coroa real, coroa aberta
(Simbolização do Rei)
Fig. 3 - (S) deitado, tem a ver com o rei
D. Sebastião desaparecido, quererá dizer
E devido à posição horizontal do (S):
Rei morto ou em repouso).
Fig. 4 - Tridente estilizado, tem de certeza relação
Com o mar.
Legenda ou interpretação:

“ Que o Senhor guarde a sua glória El-Rei D. Sebastião que tombou alem mar”


Segundo a data escrita na sineira ( 1583) estava-se no início da ocupação estrangeira e segundo a crença do povo, El-Rei D. Sebastião haveria de voltar numa manhã de nevoeiro para novamente ocupar o seu trono agora usurpado por Filipe I de Espanha.
O próprio orago da capela invocando o santo homónimo de El-Rei leva-nos a aceitar que a inscrição que se encontra na referida capela se relacione com este rei.
Nessa altura constituía perigo de morte alguém declarar-se partidário do Sebastianismo, sendo este o motivo porque a inscrição se fez simbolicamente e não em letras, para que nenhum adepto de Filipe I pudesse ter conhecimento dessa homenagem.








sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Torre sineira da Igreja Paroquial de Vilarandelo

Foto da torre sineira da Igreja Paroquial de Vilarandelo


Sobre o simbolismo dos 4 sinais que estão na torre sineira da Igreja paroquial, o Padre Manuel Alves no seu livro “Marcos da nossa terra diz-nos o seguinte:
Legenda:
“Podemos distinguir nesta sineira românica dupla, 4 sinais da Ordem de Malta.
1) O primeiro é a Cruz no cimo do triângulo – Mistério da SS.ma Trindade;
2) O Segundo é um rosto do Sol, símbolo da ressurreição, tal como a ave Fenix renascida – Cristo Ressuscitado
3) O terceiro é uma rosa de 12 pétalas, os meses do ano – o Deus do tempo.
4) O quarto é o rosto cercado de frutos, símbolo da abundância - as 4 estações ~deus da abundância.”

Numa tentativa de ir aos primórdios de Vilarandelo

Numa tentativa de ir aos primórdios de Vilarandelo não encontrei dados muito concretos mas consta-se que a origem de Vilarandelo deve de ser bastante antiga. A povoação deve de se ter originado de um conjunto de “vilares” (fracção de vila) estes vilares seriam os bairros actuais. Assim, na altura o conjunto de vilares chamar-lhe-iam ou passariam a chamar de “VILARANDO” donde por serem pequenos ficaria “Vilarandelo”.
É uma povoação com um passado bastante indefinido, a tal ponto que não se sabe ao certo se se incluiria na “terra de Montenegro”, se na de “Monforte”. Mas como a partir do Sec. XIII aparece no termo de Chaves, é levado a crer que se incluiria pela “ terra de Montenegro”.
A situação paroquial também não se apresenta muito clara, o padroado é ignorado antes do sec. XVIII.
Em 1706 aparece como vigararia da Ordem de Malta, da Comenda de S. João da Corveira pertencendo ao termo e Comarca de Chaves, ouvidoria e comarca de Bragança.
As ordens militares tiveram nas terras e povoados de Valpaços os seus domínios, receberam dízimos, protegeram e salvaram as suas gentes e povoados. Deixaram as marcas da sua presença em igrejas e marcos um pouco por todo o Concelho.
A ordem militar que nos deixou mais símbolos da sua mística, foi sem dúvida nenhuma a Ordem de Malta, até porque é em S. João da Corveira que esta Ordem militar tinha o seu “Quartel General”, daí, a dada altura aparecermos como pertencentes à vigararia da Ordem de Malta da Comenda de S. João da Corveira. Os símbolos desta Ordem estão à vista de quem quiser, se formos à Igreja Paroquial de Vilarandelo e olharmos para o muro exterior da sacristia está em alto relevo a uns 2m e 50cm do solo uma cruz de Malta bem visível. Todas as cruzes da via sacra também têm gravadas esta cruz e se olharmos para a cruz da torre sineira também é de Malta.
Diz-nos o Padre Manuel Alves, arcipreste de Valpaços, no seu livro”Marcos da nossa terra”: “Na gíria do povo, no seu linguarejar brejeiro, ainda hoje apelidam as gentes de Vilarandelo “os Maltezes” com um sentido semântico, mas certamente derivados do seu valor histórico. Para eles, deve de ser um orgulho, conservar estes sinais das épocas passadas da sua história, na via romana, no marco miliário e no poio ainda ali conservados, quer pelas siglas da cruz de Malta, com as suas oito pontas, a significar as oito Bem-aventuranças do Evangelho.”

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Situar Vilarandelo no mapa

Peço ao estimado leitor que procure um mapa, não um mapa qualquer, estamos a falar do mapa de Portugal, já está? Agora, procure a região de Trás-os-Montes, é aquela que está bem no topo do nosso país. Pois bem, Trás-os-Montes está também dividido em pequenas regiões diversificadas entre si. Pedimos ao leitor que se vire mais precisamente para a região do Alto Tâmega, situe-se em Chaves “coração do Alto Tâmega”.
A partir de aqui seguiremos pela estrada nacional 213, é uma estrada com bastantes curvas mas são compensadas pela beleza da paisagem.
Á medida que se vai viajando, passa-se por pequenas e simpáticas aldeias, de entre elas temos: S. Lourenço, Barracão, Vilardouro e Sá que é o ponto com mais altitude antes de chegar ao nosso destino. A partir daqui é descer até à vila seguinte, motivo principal deste trabalho, Vilarandelo.
Situado entre a denominada terra quente e terra fria do Alto Tâmega, Vilarandelo é uma vila que está a sensivelmente 672 m de altitude, rasgada a meio pela e.n. 213 e é a terceira povoação maior do Concelho de Valpaços.
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Em jeito de começo

Diz-se por aí que um homem para se completar tem que na sua vida realizar 3 coisas: Plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro, seguindo esta lógica eu devo de estar na fase do livro. Na verdade isto não será bem um livro é apenas a continuação de algo que já tinha começado no 11.º ano quando estudava em Valpaços. Desde essa altura tenho recolhido coisas sobre Vilarandelo (arquitectura, arqueologia, folclore, religião, curiosidades, etc), neste momento estou a passar tudo a limpo e a minha ideia é investigar mais, corrigir e completar as coisas que já tinha escrito para quem sabe um dia editar. O meu objectivo inicial é recolher a maior informação possível sobre o passado e como não podia deixar de ser também sobre o presente de Vilarandelo, para isso decidi criar um blog onde irei à medida do possível ou seja periodicamente, deixando alguma informação daquilo que já recolhi e essencialmente aproveitar o blog para que outras pessoas que tenham informação sobre o passado de Vilarandelo e das aldeias do Concelho de Valpaços me reportem neste mesmo blog. Não me vou centrar só em Vilarandelo até porque havia muita proximidade humana entre todas as aldeias do Concelho de Valpaços aceito qualquer coisa sobre: arquitectura, arqueologia, religião, curiosidades, lendas, folclore e tradições, palavras em desuso, Entrudo, fotos e outras coisas mais que se lembrem, que me poderão ser deixadas no próprio blog ou enviadas para o meu mail: paulopascoal@gmail.com .
A ideia principal é tentar não deixar perder a memória dos nossos antepassados, se ela se perder parte de nós também se perderá!
Cantar, dançar e falar hoje, o que outros cantaram, dançaram e falaram num tempo em que tudo fazia sentido, é na maior parte das vezes uma sombra apagada de outros tempos. O regresso ao passado já não se faz, nem se sente de coração, é apenas uma mera e ofusca cópia!
Infelizmente esta viagem é feita só ao nível físico! É preciso transportar-nos com toda a nossa alma ao passado, fazer uma viagem espiritual para voltar a despertar em nós os oráculos perdidos, os rituais mágicos esquecidos, o amor à Mãe Natureza. É preciso entender os seus códigos e investigar as nossas origens sem esquecer o tempo presente. O futuro, já não é futuro, apenas é uma intensa neblina que não deixa ver nada. As lições que tiramos dos nossos antepassado são as únicas bases sólidas para se construir no presente e vislumbrar qualquer coisa no amanhã!
Felizmente que aqui em Portugal há muitas instituições, entidades e associações que se preocupam e trabalham em prol do que os nossos antepassados nos deixaram, são autenticas investigadoras e guardiãs dessas memórias.
Para alem das razões aqui descritas, este Blog serve também para despertar em todos os Vilarandelenses um interesse pelo que os seus antepassados deixaram. É urgente preservar esta memória ainda viva, até porque se não nos preocuparmos, os nossos descendentes pouco ou nada saberão sobre os seus avós e bisavós.
Assim sendo, espero levar este trabalho a bom termo, postando periodicamente alguns trabalho que já tenho feito.
Um abraço Transmontano.